Alexandre, negro, estrábico, mecânico de mão cheia, é dono de um raciocínio lógico invejável, longe do politicamente correto adora contar piada de preto onde muitas vezes não concordamos. Mas tudo bem, conversamos e nos entendemos. Com sua longa experiência em 60 anos de vida, tendo trabalhado em diversas regiões do Brasil, é sempre um bom papo.
Xande zoa de sua deficiência visual, diz que o que faltou na vista Deus pôs no ouvido. Conta e ri das coisas erradas que fez, adora rir de si mesmo e não perde oportunidade para rir dos outros. Outro bom jogador de sinuca (imagina se não tivesse problemas de vista).
Toma suas beras, conversa bons assuntos e sempre comenta:
- Gosto de conversar com quem me ensina alguma coisa.
Conversa com todo mundo, faz piada com todo mundo, conta suas experiências de vida, quase se emociona quando o papo é sobre tecnologia mecânica.
Dia desses falei que gostaria de escrever um texto sobre ele ao que me respondeu: “Falar de mim é fácil, tanto bem quanto mal.”
Expliquei que precisaria de um mote, algum contexto, e que não estava encontrando, por isso, iria prestar mais atenção nele, se ele pudesse ajudar lembrando alguma coisa? E recebi essa perola como resposta.
- Ih meu filho, vivo procurando quem me entenda, e que daí talvez consiga me explicar como é que eu sou!
Ah! Os mistérios da mente humana, talvez aceitar que nem tudo é normal torne a vida mais leve, mais solta, por isso esse nosso amigo, consciente de seu desconhecimento sobre si e com a aceitação de seus erros e defeitos, viva a vida com tanta graça e riso farto.
O que é ser feliz afinal?
Watson
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