VOTE NELAS
- Jornal do Juveve
- 6 de mai.
- 4 min de leitura
“Precisamos garantir a autossustentabilidade dos mandatos femininos. Não basta eleger mulheres, temos que garantir que elas queiram permanecer na política.” Isabela Lustosa

Como surgiu o coletivo vote nelas?
O Vote Nelas nasceu em 2018 quando um grupo de mulheres, a partir das estatísticas eleitorais percebeu que, embora o número de mulheres candidatas tivesse aumentado, não havia a conversão desses números em mandatos. Duda Alcântara, uma das fundadoras do movimento nacional disse ao Estadão: “Mais do que votar, queremos ser votadas. E mais do que ser votadas, queremos ser eleitas.”
A partir daí, desenvolveram uma pesquisa chamada “Jornada da Candidata” que mapeou os enfrentamentos das mulheres candidatas e a partir daí se capilarizou pelo país.
No Paraná, a Isabela Lustosa que é a primeira liderança do Vote Nelas no Paraná que abraçou de corpo e alma esse projeto e vem realizando, desde novembro de 2022 um trabalho excelente, fez do Paraná referência no crescimento e representatividade do Vote Nelas.
Estamos hoje em 9 lideranças femininas na Executiva do Vote Nelas, atuando, cada uma com seu capital político e sua expertise para fazer com que o movimento seja realmente um marco na vida das mulheres que decidem abraçar a liderança política.
Alice Miyashita - Quarto Centenário, Isabela Lustosa – Curitiba, Dani Hostins- São José dos Pinhais, Tatiane Pezente - Francisco Beltrão, Dani Biondo Crocetti -Curitiba, Cíntia Bordignon- Foz do Iguaçu, Mariana Annibelli - Quatro Barras, Bianca Portela - Foz do Iguaçu, Juliana Prezotto - Brasília /Cascavel.
Atualmente contamos com dois grupos de Whatsapp nos quais nós dialogamos com as mulheres que participam do movimento, com aproximadamente 250 participantes de todo o estado do Paraná. São mulheres de todas as classes sociais, ideologias políticas, raças, orientações sexuais e modalidades de liderança em suas cidades.
Esse coletivo é suprapartidário, como fazer com que não haja polêmica, entre as integrantes?
Todos possuem sua base ideológica e isso é indiscutível e sempre será respeitado. O Vote Nelas tem um núcleo de princípios muito rígido: defesa e fortalecimento da democracia, combate à violência de gênero em todos os aspectos, defesa da igualdade nos espaços de poder, ou seja, democracia e igualdade de gênero são nosso núcleo duro e quem participa do Vote Nelas precisa ter compromisso com essas pautas.
Para que um coletivo suprapartidário tenha sucesso, é essencial que nós mulheres tenhamos muito claro o nosso ponto de convergência que é: precisamos de mais mulheres nos espaços de poder. Independentemente das nossas ideologias, todas enfrentamos preconceitos, resistência, tentativa de apagamento e silenciamento nos partidos políticos.
Somos muito bem tratadas no período eleitoral, porque uma mulher a menos, são três candidatos homens a menos nas chapas, no entanto, fora desse período é uma luta contra a violência política de gênero e contra as tentativas de silenciamento, por isso, tentamos conscientizar todas as nossas parceiras nessa jornada, que primeiro precisamos ultrapassar os obstáculos que o machismo e a misoginia nos impõem, depois que nós estivemos ocupando proporcionalmente os espaços, aí podemos discutir outras pautas. Enquanto isso não acontece, ninguém solta a mão de ninguém, da mulher branca privilegiada à mulher negra periférica.
Como vocês trabalham a questão das candidaturas “laranjas”?
Essa é uma questão complexa para todos os coletivos de mulheres e é também para o Vote Nelas. Isso, porque, conforme eu mencionei acima, mulheres combativas, que batalham por seu espaço, passam por enfrentamento nos partidos e é bem mais fácil lidar com candidaturas laranja.
O que nós buscamos é atrair essas mulheres que têm interesse em se candidatar, explicar para elas, por exemplo, como funcionam as candidaturas proporcionais e o quociente eleitoral, a sua importância para o partido e como elas devem pleitear seus espaços e recursos aos quais têm direito garantido pelo fundo eleitoral.
Sinceramente, muitas mulheres com muito potencial são vistas como laranjas, mas nem são laranjas exatamente. Quando vamos entender, elas não foram orientadas adequadamente ou foram abandonadas pelos partidos no meio do caminho.
O nosso papel é entender essa mulher, acolher, orientar e prepara-la para não passar por isso. No fundo, muitas são vítimas de um sistema cruel.
Qual é o objetivo deste movimento?
O Vote Nelas Paraná é um coletivo suprapartidário fundado por mulheres, organizado de forma independente, voluntária e colaborativa que trabalha por um mundo onde todas as mulheres se reconheçam como uma força política.
É lamentável que sejamos tão sub-representadas. Sabemos que isso é cultural e estrutural, que leva tempo para que a sociedade mude, mas vamos trabalhar para que homens e mulheres entendam que mulheres políticas são capazes de agir pragmaticamente, tomar decisões difíceis e técnicas tanto quanto os homens. Pode parecer uma utopia, mas aos poucos vamos avançando.
O que é o Summit Vote Nelas?
Em 2024, com o apoio da Câmara de Vereadores de Curitiba, da Procuradoria da Mulher e do SUMMIT, nós realizamos o Workshop SUMMIT VOTE NELAS. Reunimos no Auditório da Câmara 18 painelistas, que palestraram para aproximadamente 200 mulheres. Foi um evento de muito êxito para nós, onde oportunizamos uma troca de conhecimento e experiências entre mulheres com diversos conhecimentos.
Nossos painéis contaram com uma diversidade incrível de mulheres. Tivemos de liderança comunitária a juíza eleitoral. Muitas mulheres presentes no evento se candidataram e fizeram belíssimas campanhas eleitorais. Um desejo enorme é fazer uma segunda edição desse evento, que com certeza, deixou cada uma das pessoas que dele participaram, com um pouco mais de repertório do que quando chegou.
Quem pode participar e como participar?
Mulheres que compartilhem dos nossos objetivos, que respeitem os nossos princípios e que desejam vivenciar a experiência na política, votar com mais consciência e evidentemente, SER VOTADAS, são muito bem-vindas! VOTE NELAS!
Por Daniele Biondo Crocetti
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