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VENEZUELA: um País beirando o caos

“Algo deve mudar para que tudo continue como está” a celebre frase é de Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896-1957). Ele era um pensador italiano e autor do livro “Il Gattopardo”, obra que narra a decadência dos nobres na Itália

Era uma vez, um reino não tão distante, onde o seu povo vivia alegre, com pleno emprego, saúde, educação, até que....


Antes de mostrar como está a Venezuela hoje, vamos ver como ela era aos olhos do cientista político Rafael Perich: “A Venezuela possui um passado rico e galopante, sempre ligado ao petróleo e seu preço internacional. A "Venezuela saudita" já foi um dos países mais fortes economicamente da América Latina, sendo os maiores consumidores de uísque do mundo e um dos maiores produtores de petróleo.


O problema inicial era a concentração da produção dessa matéria-prima na mão de empresas estrangeiras, enquanto os governos na década de 50 e 60 se ocupavam de crises políticas seguidas e repressões ditatoriais. Em 58, depois da queda do regime militar de Marcos Pérez, o país viveu três décadas de boa economia, impulsionada por uma decisão da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em suspender a venda de petróleo para países que ajudaram Israel na Guerra do Yom Kipur. Essa decisão alavancou as vendas petrolíferas venezuelanas, garantiu um dos maiores poderes de compra da América Latina (três vezes maior que o Brasil), inflação baixa e crescimento médio acima de 4%.


O Presidente pós ditadura Carlos Andrés Pérez apesar de desenvolver a economia, foi prejudicado pelos problemas graves de educação do país, somado ao aumento do aparecimento de casos de corrupção na política e de servidores públicos (provavelmente graças à liberdade de imprensa, agora não mais reprimida pela ditadura).


Um país vindo de uma ditadura que violou uma série de direitos humanos, torturou e prendeu, recebia também de herança um desejo por desenvolvimento que não era acompanhado pela educação de seus pares. A partir da diminuição dos petrodólares, ocorre instabilidade econômica e política, levando ao descontentamento da população, diminuindo poder de compra e aumento da pobreza. Cria-se então ambiente para a eleição de um militar que prometia mudanças no governo: Hugo Chávez.”


Até que em 1998, Hugo Chávez, ganhou a eleição para Presidência da República, ele era um jovem militar que comandou uma tentativa de golpe de Estado em 1992, contra Carlos Andrés Pérez.


E o salvador da Pátria tomou posse como Presidente da Venezuela, ele iria resolver todos os problemas do País: desemprego, fome, inflação galopante. Já vimos um filme parecido no Brasil.





 



SO QUE NÃO FOI BEM ASSIM



“Chávez teve pelo menos 3 etapas diferentes de formas de governar.

A primeira entre 1999-2001 quando tentaram dar um golpe no Estado. A segunda entre 2002-2008 quando radicalizou a transformação do Estado e a terceira antes de morrer.” Comenta Madison Ramniery González Garcia


No início do seu governo teve o apoio popular, porém com o tempo, tudo voltou como era antes e a situação econômica no país não mudou, ondas de protesto contra o governo, hiperinflação e desemprego.

Com a morte de Hugo Chavez em 2013, quem assumiu a Presidência foi Nicolás Maduro, a situação estava complicada: crise política, perda de poder de compra, desabastecimento pela falta de dinheiro para importação de produtos básicos, violência e repressão…

Até que culmina no rompimento de valores democráticos, protestos são duramente reprimidos, oposição é presa e eleições são postas em dúvida. A transparência é diminuída e observadores locais são reduzidos com o tempo.

Na primeira década do século XXI o povo venezuelano cansou. Foram obrigados a sair do País e ir em direção ao Brasil.

Com 22 anos de idade, Valeska Tejada Cordero, veio par o Brasil em busca de qualidade de vida, que infelizmente no país dela não existe.

“Vim para o Brasil para ter oportunidade de crescimento profissional e pessoal.” Comenta Valeska


Ela saiu da cidade Venezuelana de Acarigua com 17 anos de idade, morou 7 meses na cidade de Boa Vista, vendendo bolos caseiros.


“Sou bartender e barista formada, isso me ajudou na busca de trabalho. Depois, eu e meu noivo que é chef de cozinha formado, decidimos nos mudar de cidade, porque ouvimos falar que no Sul, especificamente em Curitiba tínhamos mais oportunidades de emprego, pois é uma cidade grande. E realmente foi assim, graças a nossos esforços, e a pessoas que deram para nós a oportunidade de mostrar quem realmente somos, e nossos valores.

Trabalhei como atendente de restaurante, em bares e cafés como barista. atualmente trabalho com meu noivo numa empresa própria.

Pessoalmente tive experiencia onde sofri xenofobia, e tardei um pouco em identificar o que realmente estava acontecendo, foi difícil, pois não tinha experimentado uma situação parecida.


Entretanto já tive ótimas experiencias de relacionamento e amizade, os brasileiros são extraordinários.” finaliza Valeska


“Sou Carolina Colmenares, tenho 42 anos, vim da cidade Paracaraima na Venezuela no ano de 2017, sai da Venezuela pela situação política e econômica. Trouxe minha irmã, meus 3 filhos e os filhos dela.

Na Venezuela eu trabalhava no cargo de executiva de vendas de um banco, até que chegou um momento que com meu salário eu não comprava dois quilos de arroz.

Hoje, trabalho em Curitiba como operadora de caixa em um supermercado.”

Ross Lopz contou para Jornal do Juvevê como foi a sua experiencia no Brasil.

“Sou da cidade de Maracay no estado de Aragua, onde era empregada publica na Universidade Central da Venezuela, com o cargo de auxiliar de laboratório. Vim para o Brasil sozinha já tem 1 ano, por causa de insegurança, inflação e crise econômica.

Hoje trabalho como massoterapeuta estética e sou grata pela oportunidade que me ofereceram esse País maravilhoso.” Declara Ross Lopz

“A ONU hoje possuí um comitê justamente para avaliar a situação no país, tendo identificado melhorias na transparência eleitoral em 2021 durante as eleições regionais e municipais.

O êxodo venezuelano acontece pela soma de constantes crises políticas, econômicas, de direitos humanos, da falta de acesso ao básico para sobrevivência, como comida e medicamentos. A conta até parece simples: A economia depende do petróleo e por depender exageradamente dele, faz com que a qualidade de vida da população seja galopante, atrelada às vontades internacionais. Todos os governos parecem ter falhado nisso, em garantir a independência da Venezuela frente ao petróleo.” Acrescenta o cientista político Rafael Perich




 


Venezuela Antes e Depois

Por Angel López Jornalista Venezuelano







Desde a chegada do presidente Hugo Chávez ao poder, as coisas no país já estavam ficando um tanto inquietantes devido às divergências políticas que circulavam no país. Eu era apenas mais um jovem, e pude perceber como aos poucos as coisas estavam se deteriorando. Embora tudo parecesse normal já que se podia contar com os serviços públicos e ir ao supermercado normalmente, foi quando Chávez morreu no ano 2013 que Nicolás Maduro chegou ao poder, ali tudo começou a piorar de forma mais evidente e cada vez mais infeliz. A comida, remédios, eletricidade, os serviços de água e segurança começaram a ser cada vez menores. O preço do petróleo caiu e a moeda não ficou estável, abrindo caminho para uma crise econômica, onde as pessoas foram principalmente afetadas.


Meu salário de jornalista não me permitia cobrir minhas necessidades, portanto, junto com minha esposa decidimos emigrar para Brasil. Com poucos recursos empreendemos nossa viagem e nos instalamos em Manaus - Estado do Amazonas, onde tínhamos algumas dificuldades por falta de emprego. Sendo ambos formados em Jornalismo e Marketing, tive que trabalhar 7 meses em um Lava Car e minha esposa em um restaurante lavando pratos por salários muito baixos.

Vendo que a situação não estava melhorando para nós, decidimos continuar nossa viagem para Colombo – Paraná, onde, graças a Deus, conseguimos melhores empregos e melhores oportunidades, estamos bem estabelecidos economicamente, crescendo e aprendendo cada vez mais dia.

Quero agradecer ao povo do Paraná e do Brasil por nos abrirem suas portas e por todos os atos de caridade que fizeram conosco. Agora estamos lutando por nossos sonhos esperando que as coisas possam melhorar tanto aqui, quanto em nosso país Venezuela.




 





Casa do Migrante Scalabrini






Como surgiu a ideia desse projeto?

Desde 2014 a Venezuela enfrenta uma crise econômica e humanitária que resultou no maior êxodo de refugiados da história recente da América Latina. Para responder este fluxo o governo federal brasileiro criou a estratégia de interiorização, que se tornou referência mundial no acolhimento de refugiados e migrantes. E Curitiba é uma das cidades que mais recebem venezuelanos no momento. Com isso sentimos a necessidade de ter uma casa de passagem para que ao menos algumas famílias sejam acolhidas e recebam um suporte inicial para recomeçar suas vidas.

Quanto tempo tem?

A casa do Migrante Scalabrini está completando um ano de funcionamento no mês de fevereiro próximo.

Quantas famílias atende?

Pela logística da casa, podemos acolher até 15 pessoas, sendo assim geralmente 3 famílias, por grupo. Cada família fica acolhida num período de 2 a 3 meses.

Qual é o objetivo?

Dar um apoio inicial ao chegarem em nossa cidade, com acolhimento, alimentação, orientação, iniciativa laboral, encaminhamento para escola, saúde, aulas de português, cursos, enfim, para que possam ao sair do projeto estarem mais fortalecidos em suas necessidades básicas e recomeçar suas vidas.

Tem apoio governamental ou de Organizações internacionais?

O projeto tem parceria com o Serviço da Pastoral dos Migrantes (SPM) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que tem parcerias com as organizações da Cooperação Internacional, a exemplo da Miserior e Puentes de Solidariedad.

Com o governo apenas temos via operação acolhida, que se faz através da Agencia da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (ACNUR) e Organização Internacional para Migração (OIM) sendo este apoio apenas para a chegada dos migrantes até a casa.

Como funciona?

A casa tem a parceria e o apoio da Paróquia São Pedro do Umbará, como também do Serviço Pastoral dos Migrantes Nacional (SPM) e do ACNUR Alto Comissariado das Nações Unidas. As famílias são selecionadas através de um cadastro em Boa Vista (RR) conforme o perfil da casa, enviadas pelo programa de interiorização do Governo Federal, chegam na casa através do exército brasileiro, permanecem na casa no período de 2 meses.

Como ajudar?

Aceitamos todos os tipos de doações, tanto de moveis, utensílios, roupa de cama e banho, roupas no geral adulto e infantil, calçados, cobertas, alimentos, tudo o que uma família necessita para morar com dignidade. Após passar na casa do Migrante Scalabrini, eles vão para casas alugadas, e necessitam de tudo, pois chegam apenas com algumas roupas. Inclusive ofertas de emprego sempre são muito bem vindas, objetivo principal é conseguirem trabalho durante o tempo de permanência na casa.

Contato?

Facebook: Casa do Migrante Scalabrini

Lucia Bamberg (41) 988698863

Helenys Guzman (41) 99523 8195

Nosso Endereço: Rua Luiz Pelanda 10 Bairro Umbará


 


UM MEXICANO JOGANDO NOSSO FUTEBOL




“Meu nome é Giovanni Ricardo Marines Vargas, sou um jogador profissional mexicano, venho do time Cruz Azul do (México), hoje estou no Brasil jogando a Série A do Campeonato Paranaense 2021-2022, representando o Cascavel Futebol Club.”

“MIGRACIÓN VENEZOLANA EN CURITIBA: UNA VISIÓN DE LOS PROCESOS COTIDIANOS DE INTEGRACIÓN LOCAL”


Essa dissertação para Mestrado, foi o tema que Madison Ramniery González Garcia escolheu para defender.


Ela mostra que o nosso Paraná foi composto por migrantes: europeus e japoneses que chegaram no século XX, (DE BONI, 2011) sul americanos que foram exilados das ditaduras dos anos 80 e 90, (SAN'TANNA DE OLIVEIRA, 2020), dentre outros.


Madison cita a Pastoral do Migrante em Curitiba, que inicio na década de 80, com os exilados das ditaduras sul-americanos: Chile, Uruguai e Argentina. E ela entrevistou Elizete San't Anna de Oliveira, coordenadora da Pastoral do Migrante de Curitiba.

Números aproximados mostram que cerca de 264.475 cidadãos venezuelanos vivem no Brasil (R4V, 2020). Desse número, a OIM (2020), sendo que até setembro de 2020, 42.496 pessoas foram mobilizados pela Operação Acolhida.


Nesse período, das pessoas mobilizadas, 87% do total corresponde a grupos familiares, em comparação com 13% das pessoas que migram sozinhas (IOM, 2020). Destaca-se que 35% dos interiorização eram homens da idade legal, 28% mulheres adultas, 19% crianças e jovens menores do sexo masculino 18 anos e 18% do sexo feminino na mesma categoria.

Madison salientou através de números que: de 2018 a setembro de 2020, o município de Curitiba recebeu 2.632 venezuelanos por meio de processos de interiorização (OPERAÇÃO ACOLHIDA; OIM, 2020). E os números mostram mais. Das 73 pessoas pesquisadas, 12,3% (9 pessoas) moram no bairro Cajuru 6,8% (5) em Fanny, Lindóia, Bairro Alto, Centro, Alto de Boqueirão e Água Verde, respetivamente.

“Minha pesquisa tem uma amostra. Eu entrevistei as pessoas com quem consegui falar, então meus valores são relativos.” finaliza Madison






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