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Foto do escritorJornal do Juvevê

SETEMBRO AMARELO

Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2014. O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

Jornal do Juvevê conversou com a psicóloga Márcia Rosa da Fonseca e ela nos esclareceu alguns pontos a respeito do suicídio


É possível determinar o perfil de quem tem tendência a cometer suicídio?

R: O suicídio é um fenômeno complexo, multifatorial, determinado não apenas por um transtorno mental, mas também por fatores psicossociais. É um fenômeno onde existe um vasto espectro de sentimentos e comportamentos que indicam a probabilidade de alguém morrer por suicídio. Podemos dizer que essa probabilidade varia de acordo com a interação "vulnerabilidade X stress". Em relação à vulnerabilidade podemos citar alguns pontos como antecedentes/existência de transtornos mentais, histórico tentativa anteriores, impulsividade, agressividade, histórico de abuso e/ou abandono, abuso ou dependência de substâncias, estilo que a pessoa adota na resolução de problemas e a ausência ou empobrecimento de fatores de proteção (suporte familiar, social, capacidade de pedir ajuda, entre outros). Sempre lembrando da especificidade de cada ser humano. A combinação de fatores, somado ao momento de vida daquela pessoa é que o torna mais ou menos vulnerável.

Toda pessoa que comete suicídio tem, necessariamente, algum transtorno mental?

R: Não necessariamente. Quando falamos em suicídio não estamos falando de transtornos psicológicos, estamos falando de crise, de sofrimento (que pode ou não um transtorno). Falar em suicídio é necessariamente falar de sofrimento existencial, segundo Shneidman (pai da suicidologia moderna), um sofrimento insuportável, intolerável e interminável.


Como perceber se há o risco de uma pessoa cometer suicídio?

R: Existem alguns sinais que podem ser indicativos de risco: mudanças repentinas de comportamento, deterioramento ocupacional ou social, isolamento, frases de alerta ("não vejo mais sentido nas coisas", "queria dormir para sempre", "não vejo fim para o meu sofrimento", "só trago preocupação para as pessoas”), desesperança, desamparo, abuso de substâncias e alguns sintomas físicos como insônia, dores de cabeça, entre outros.

O que fazer se uma pessoa ameaça se suicidar?

R: Se a ação for iminente, reação imediata. Imediatamente chamar um serviço de emergência, no caso 192, onde existem profissionais treinados para esse tipo de situação, entrar em contato com familiar ou pessoa mais próxima e, se a situação permitir, retirar o "meio" da ação do alcance da pessoa e acolher a dor, ouvir, até que o socorro chegue.

Passado esse "pico", é indispensável o encaminhamento para serviços com profissionais especializados no assunto.


É possível se livrar de um pensamento suicida?

R: Sim, é possível, mas não existe certeza de que aquela ou mesmo outras ideações suicidas não aparecerão. Por isso o acompanhamento profissional é fundamental, no sentido do autoconhecimento e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento da crise. Desenvolver ações protetivas, fortalecer fatores de proteção serão a sustentação "contra" as ideações. Como exemplo de fatores protetivos podemos citar os laços afetivos, sociais, espaços de acolhimento, trabalho, estudo, crenças, atividades prazerosas, enfim, situações em que a pessoa resgate "sentido", pertencimento.


É possível prevenir o suicídio?

R: É possível prevenir, prever não.

A ciência avança para ampliar a compreensão desse fenômeno, no sentido de entender e especificar que elementos, se presentes e combinados, permitem apontar pessoas mais vulneráveis. É preciso entender a multifatoriedade do suicídio, mas em se falando de prevenção o fundamental é ter em mente que o tabu e a desinformação são promotores de mortes.

O que você recomendaria para quem tem pensamentos suicidas?

Se você se identificou com os sinais de alerta que citei, ou passa por um sofrimento com o qual não está conseguindo lidar, procure ajuda especializada, existem profissionais que podem te ajudar nesse difícil percurso. Procure, se possível, ficar perto de pessoas de sua confiança, converse com alguém, se preciso peça para essa pessoa te acompanhar nos primeiros passos da sua busca por ajuda.

CVV - Centro de Valorização da Vida. Seviço de escuta 24 horas e chat. www.cvv.org.br

End: Rua Carneiro Lobo, 35. Água Verde.

Emergência: Samu 192

Algumas Universidades oferecem serviços especializados gratuitos ou a preços acessíveis.


Márcia Rosa da Fonseca

CRP: 08/2532

Contato pelo email: marciapsifonseca@gmail.com

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