São 330 anos que a Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais desmembrou-se de São Paulo, pela pena de Matheus Leme. Mas só em 1721 foi batizada pelo ouvidor Pardinho, que naquela época já determinou regras quanto ao corte de árvores, obrigando os moradores de limpar o Ribeirão (hoje Rio Belém).
O ouvidor foi o Patrono da Capital Ecológica, da cidade inteligente, do transporte coletivo, da reciclagem de lixo, e hoje a cidade conta com mais de 45 parques e bosques, e muitas capivaras.
Parabéns, Curitiba! Cidade modelo, 96,3% dos domicílios possuem tratamento de esgoto. Na educação, segundo o IBGE, a taxa de escolarização é 97,6% de 6 a 14 anos. Mas nossas calçadas são literalmente pedras no caminho, pergunte isso a qualquer idoso, deficiente ou mãe com carrinho de criança.
Apesar de todos os carinhosos apelidos, sofremos as mazelas de uma grande metrópole. Em Curitiba há mais favelas do que bairros. Hoje temos 126 favelas e 75 bairros. E consequentemente, no último ano, a taxa de mortalidade colocou Curitiba entre as 50 cidades mais violentas do mundo.
A violência é um abacaxi que nossa horta comunitária não consegue descascar. A segurança pública é dever do Estado, e responsabilidade de todos. A prefeitura conta com 1.618 guardas municipais. Todavia, o Paraná, responsável pelas Polícias Civil e Militar, recebeu o título de segundo lugar da menor proporção de policiais por habitantes no país (mas esse tema fica para aniversário do Paraná).
A vizinhança, ao mesmo tempo em que ajuda, atrapalha. Grande parte da nossa água é de Piraquara. O aeroporto é em São José dos Pinhais. A luz vem de Foz do Iguaçu. A gasolina vem de Araucária. O cimento, de Rio Branco do Sul. A cerâmica, de Campo Largo. O lixo vai para Fazenda Rio Grande. E assim por diante.
Nossas cidades vizinhas, que também têm seus problemas; e os encontros delas com Curitiba, chamados conurbações, é um coletivo de problemas sociais, ambientais e econômicos. O poder público deve se manter mais presente e solidário, e cooperar para buscar soluções aos problemas comuns. As cidades vizinhas e seus moradores cooperam com Curitiba, portanto devemos agir com reciprocidade.
O que vale lembrar é: quando for escolher seu representante no próximo pleito eleitoral, procure um candidato que está disposto a, no exercício da atitude cidadã, incluir no planejamento urbano os cuidados e o diálogo com nossos vizinhos da região metropolitana.
E quão importante é a valorização dos nossos policiais, tanto pelos representantes, como por nós, os representados.
Carolina Maia
Advogada
Mestre em gestão ambiental
Membra da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB/PR
Membra da Comissão de Estudos de Compliance Anticorrupção Empresarial
Contato: carolina.bortolotte@gmail.com
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