Jornal do Juvevê
O HOMEM QUE O MUNDO ESQUECEU

Consuma-me
pela última vez
com a justa razão
que tem um freguês
neste mundo caduco
em que cada vez mais
ninguém tem vez
- tanto fez tanto faz...
Salve-me
pela última vez
com a vossa santidade
de quem faz caridade
sem pensar em talvez
ou mesmo em milagre,
ainda que toda manhã
brote em nossa face
a morte como irmã...
Anoiteça-me
pela última vez
como um sonho bom
de um amor adolescente
que surge de repente
e sem razão
quando se perde o chão
ao tatearmos estrelas
em uma constelação
de incertezas...
(Igor Veiga / PERIGOR)