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  • Foto do escritorJornal do Juvevê

O BRASIL DISCUTE ÔNIBUS SEM TARIFA


Entrar num ônibus e seguir para o destino sem pagar nada. O que era impensável alguns anos atrás hoje é realidade em mais de 80 cidades brasileiras, nove delas no Paraná. A mais próxima é Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba. A maior, com 160 mil habitantes é Paranaguá, no litoral. Em todas, as prefeituras decidiram bancar os custos do sistema, mais ou menos como quando você vai a um restaurante com um grupo de amigos, e alguém diz: “é por minha conta”.

Onde o sistema foi adotado, os passageiros riem de orelha a orelha. Não só eles. O comércio está faturando mais, graças ao crescente movimento, já que, os deslocamentos dos clientes agora são de graça do bairro ao Centro e do Centro aos bairros. E aquele dinheirinho que sobra da passagem tem destinos diversos: vira mais arroz e feijão na mesa, paga a academia de ginástica, um lanche no fim do dia, um livro, um presente, uma entrada de cinema, uma viagem de férias para aqueles que sabem poupar

E não pense, caro leitor, que tarifa zero é só pra cidade pequena. Metrópoles brasileiras como São Paulo, Brasília e Belo Horizonte vêm estudando o tema.

Em Curitiba, desde de 2019 defendo a proposta. A decisão de adotar ou não a tarifa zero é dos prefeitos. São eles que vão olhar para o orçamento e pensar de onde tirar dinheiro pra cobrir as passagens de ônibus. E aí acontece algo quase mágico. O dinheiro aplicado em tarifa zero volta para o município.

Estive em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, CE. É uma cidade com 400 mil habitantes, que há dois anos decidiu pela tarifa zero. O que os pessimistas viam com desconfiança virou um case de sucesso. Se em 2019, 48 ônibus da cidade transportavam 19 mil passageiros por dia, o número quadruplicou. Hoje são 90 mil que usam 70 ônibus. Só elogios… ou quase só: um passageiro me reclamou que o dinheiro dos impostos está sendo usado para pagar o “Bora de Graça”. E aí eu pergunto: o imposto não é pra ser usado exatamente em benefícios para a população? Caucaia passou a registrar também, com menos carros nas ruas, melhor qualidade do ar e menor número de acidentes, o que também significa mais saúde para os moradores. Sem querer cansar ningúem com números, para transportar 2 milhões e 300 mil passageiros por mês, a cidade gasta 3 milhões de reais, ou seja, um custo de R$ 1,32 por pessoa.

Antes que você diga que lá eles não têm integração, ligeirinho, estação tubo, ônibus expresso, terminais, bilhetagem automática, interbairros… sim, eu sei disso. Assim como sei que se temos o melhor transporte do país, também é o mais caro… quase 7 reais, que baixa pra 6 por causa do subsídio. A Comissão Especial da Tarifa Zero da Câmara de Curitiba, que eu presido, tem ouvido dirigentes públicos, privados e especialistas de universidades, além de representantes da sociedade civil. Estamos buscando baixar o valor da passagem com as sugestões que vão surgindo; eu particularmente continuo achando que a tarifa zero também é possível pra gente. Além disso vamos discutir mecanismos para melhorar o próximo contato de concessão do transporte, que vence em 2025.

Verdade é que se nada for feito, continuaremos tendo o melhor transporte do Brasil, porém o passageiro, aquele que realmente precisa do serviço, vai estar do lado de fora, indo a pé para o trabalho e vendo os ônibus passar por ele.

Enquanto isso em Caucaia… bem, sugiro que nossos dirigentes conheçam também.

Herivelto Oliveira é jornalista e vereador em Curitiba

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