Jornal do Juvevê
MORADORES DO JUVEVÊ EXERCEM CIDADANIA NA PRAÇA SEU FRANCISCO

Os moradores do bairro Juvevê deram um grande exemplo para a cidade alguns dias atrás.
Para quem não acompanhou a história, no sábado, dia 12 de fevereiro, um trator entrou num terreno e foi derrubando tudo o que encontrou pela frente: por tudo, entenda-se árvores, plantas, placas, bancos, brinquedos. Estaríamos falando de uma praça? De certa maneira sim, uma praça informal. Explico: o terreno abandonado foi adotado alguns anos atrás pelo seu Francisco, um morador antigo do Juvevê. Ele limpou, plantou e instalou equipamentos de lazer, tornando o que era inóspito num lugar agradável e bastante utilizado pelos pais para brincarem com as crianças.
Há um imbróglio na justiça em relação à propriedade do terreno que teria sido doado a UPES (União Paranaense de Estudantes Secundaristas), mas que uma construtora alega ter comprado. E foi esta construtora que botou o trator pra quebrar.
Claro que a confusão foi instalada: gritaria, discussões, polícia, imprensa. Mas o estrago estava feito. A praça não existia mais. A história poderia ter terminado aí. Não terminou.
A UPES foi à justiça e conseguiu uma liminar retomando a posse do terreno e no dia seguinte, dezenas de moradores do bairro botaram a mão na massa. Adultos, jovens e até crianças passaram o dia seguinte à ação do trator reconstruindo a Praça Seu Francisco. Recuperaram o que foi possível, mexeram na terra, plantaram grama e flores. Trouxeram novos equipamentos para o parquinho e com essa ação colaborativa o espaço ganhou vida de novo.
A placa com o nome do lugar, Praça Seu Francisco, foi recolocada e as famílias voltaram com as crianças pra brincar e aproveitar. Essa lição os pequenos vão levar pro resto da vida. Quando forem pessoas adultas se lembrarão do fim de semana que ajudaram a construir uma praça.
A história ainda não tem um capítulo final, mas o que os moradores do Juvevê fizeram foi uma ação de cidadania. Juntaram esforços pra retomar uma área, que se não é pública, estava sendo usada pelo público e foi destruída sem comunicação nenhuma, num gesto unilateral. Ação que deve ser seguida por toda Curitiba. O cidadão tem o direito de se manifestar e também ajudar na construção da cidade.
Hoje quem usa a praça e aproveita a sombra sentado nos banquinhos (outra benfeitoria trazida pela comunidade) pode olhar em volta e sorrir com a sensação de cumplicidade: “fui eu que fiz”. E olha, tem até perfil no Instagram. Quem quiser conhecer basta digitar @pracaseufrancisco .
Parabéns a todos e não percam essa capacidade de mobilização para outros assuntos coletivos que envolvem o bairro.
Herivelto Oliveira: Jornalista e Vereador de Curitiba