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Esclerose múltipla

Esclerose múltipla é uma doença autoimune  que afeta o cérebro e a  medula espinhal.

Jornal do Juvevê conversou com o medico neurologista Alexandro Taminini. E ele esclarecer alguns pontos


O que é a esclerose múltipla?


O termo “esclerose” refere-se, na Medicina, a uma cicatriz causada por um processo inflamatório. No caso da esclerose múltipla (EM), essas cicatrizes — chamadas de placas — resultam de inflamações que ocorrem no sistema nervoso central, composto pelo cérebro, cerebelo e medula espinhal. A EM é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico ataca equivocadamente estruturas do próprio organismo. Especificamente, os glóbulos brancos passam a atacar a mielina — uma substância branca que reveste os axônios (prolongamentos dos neurônios) e facilita a condução dos impulsos elétricos. A mielina funciona como o isolamento de um fio elétrico. Quando essa proteção é danificada, a condução dos sinais nervosos é interrompida ou prejudicada.O termo “múltipla” refere-se ao fato de que, para o diagnóstico da doença, é necessário identificar lesões (placas) em pelo menos duas regiões distintas do sistema nervoso central, ocorridas em momentos diferentes. Os primeiros sintomas costumam aparecer em adultos jovens, sendo mais frequente em mulheres.


Quais são os sintomas?


Os sintomas da esclerose múltipla são muito variados e dependem da localização das lesões no sistema nervoso central. Podem surgir de forma súbita, semelhante a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), e geralmente são caracterizados como “crises” ou surtos neurológicos. Esses sintomas devem durar mais de 24 horas para serem considerados clinicamente relevantes. Entre as manifestações iniciais, estão perda de força em membros, sensação de formigamento ou dormência em áreas específicas do corpo, visão embaçada ou perda visual em um dos olhos com dor retro-ocular (neurite óptica), e dor facial intensa (sem causa odontológica, por exemplo).Com o tempo e o acúmulo de lesões, sintomas mais persistentes podem se desenvolver, como rigidez muscular, dificuldades motoras, fadiga severa, problemas de memória recente e atenção. Alterações emocionais como depressão e ansiedade também são relativamente comuns, tanto pela doença em si quanto pelo impacto na qualidade de vida.


É hereditário?


A esclerose múltipla não é considerada uma doença hereditária no sentido clássico — ou seja, não é diretamente transmitida dos pais para os filhos. No entanto, existe predisposição genética. Parentes de primeiro grau de pessoas com EM apresentam risco aumentado de desenvolver a doença, especialmente aqueles que possuem determinados marcadores genéticos, como o alelo HLA-DRB1*15:01. Ainda assim, fatores ambientais desempenham papel importante, incluindo infecções prévias por vírus como Epstein-Barr (associado à mononucleose), deficiência de vitamina D e tabagismo. A interação entre predisposição genética e exposições ambientais é considerada fundamental para o desencadeamento da doença.

Tem tratamento?

Sim. Embora não exista cura, a esclerose múltipla tem diversas opções terapêuticas eficazes. O tratamento se divide em três abordagens principais:1.Tratamento das crises agudas, geralmente com corticosteroides intravenosos administrados em ambiente hospitalar ou em clínicas especializadas.2.Tratamento modificador da doença, com medicamentos imunomoduladores, imunossupressores ou agentes biológicos, cujo objetivo é reduzir a frequência dos surtos, retardar a progressão da doença e minimizar o acúmulo de incapacidade neurológica. Esses medicamentos, por serem de alto custo, são frequentemente fornecidos por meio de políticas públicas (como o SUS) ou convênios, seguindo protocolos clínicos específicos. 3.Tratamento sintomático, que busca aliviar sintomas residuais e melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida. Isso inclui fisioterapia, reabilitação motora e cognitiva, apoio psicológico e outras especialidades conforme necessário.


Tem cura?


Atualmente, a esclerose múltipla é considerada uma doença crônica sem cura definitiva. No entanto, os avanços terapêuticos nas últimas décadas têm sido expressivos. O desenvolvimento de novas medicações tem permitido o controle efetivo da atividade inflamatória e, em muitos casos, a estabilização clínica por longos períodos. Estudos recentes investigam terapias com células-tronco hematopoéticas, abordagens de medicina personalizada com base em biomarcadores e estratégias neuroprotetoras e regenerativas, o que aponta para um futuro promissor na modificação do curso da doença.

 

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