Cansada e sem saber ao certo o que fazer, ela se sentou na beira da cama, implorando por uma solução. Nos braços, embrulhada em grossas cobertas, seu pacotinho de amor a torturava com completa ignorância e inocência. "Chora, Maria Luiza, chora que a vida grita, te chama e te ama", pensava a pobre mãe de primeira viagem, atordoada pelos gritos da pequena. Lágrimas da mãe de um lado, soluções do bebê do outro. Solução? Aparentemente, nenhuma. A “goela” da pobre criança estava tão aberta de tanto berrar que era possível ver a campainha da sua garganta. A mãe, exausta, de forma automática buscou consolo na sua velha amiga de toda a vida. Foi então que, com a bebê no colo, levantou-se e caminhou até a TV, que transmitia um clássico do cinema. Embalando a criança em uma noite de sábado, ela continuou implorando por uma solução, na solidão e na sofreguidão. Eis que, como uma brisa de verão em pleno outono, a pequena se cala e tudo o que se ouve é o som que vem do filme: "How Deep Is Your Love".
Daniela Amaral
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