ACREDITE EM SEU FILHO SEMPRE
- Jornal do Juveve
- 18 de mar.
- 5 min de leitura
21 DE MARÇO DIA MUNDIAL DA SÍNDROME DE DOWN.
JORNAL DO JUVEVÊ CONVERSOU COM A JORNALISTA ANA LUCIA ALGE, E ELA NOS CONTA COMO É O SEU DIA A DIA COM BRUNA, A MAIS NOVA ARTISTA DA FAMÍLIA

Antes de engravidar da Bruna, você já era mãe da Julia. Qual foi a sua reação ao descobrir que estava grávida pela segunda vez? Você estava esperando?
ANA- Ao engravidar pela segunda vez fiquei muito feliz, pois estava tentando há 2 anos … Fizemos tratamento de estimulação e quando tentamos a primeira inseminação engravidei da Bruna… Quando peguei o resultado foi uma alegria só, o coração foi a mil e a felicidade foi plena.-
Você descobriu que a Bruna tinha Síndrome de Down na maternidade. Como você reagiu no momento? Você tinha informações sobre a Síndrome?
ANA- Descobri a síndrome de Down da Bruna apenas na maternidade, nenhum exame pre natal revelou a condição. No primeiro momento foi muito difícil, foi um mix de sentimentos, mas lembro que o medo tomava conta de mim. Medo do futuro, medo do preconceito e medo de que minha filha não se desenvolvesse…
Não conhecia nada sobre a síndrome de Down, inclusive nunca tinha conhecido alguem com essa condição. Foram momentos de profunda tristeza até que a minha filha Julia, que na época tinha apenas 6 anos de idade, chegou no hospital para conhecer a irmã e nós tentamos explicar que a Bruna havia nascido com uma condição diferente e na mesma hora a Julia falou: Não estou vendo nada de diferente nela. Nós amamos o Duke ( nosso cachorro que não tem pêlo devido a alopecia x) do jeito que ele é, então nós vamos amar a Bruna do jeito que ela é e ela é perfeita!”. Quando ouvi isso da minha filha, uma luz acendeu na minha mente e eu comecei a enxergar as possibilidades e a alegria e a esperança voltaram para a minha vida.
Como foi o processo para aprender mais sobre a Síndrome e amparar a Bruna?
ANA-Após as palavras de Julia na maternidade resolvi me reerguer e questionei a Deus : “Senhor se o senhor me deu a Bruna é porque sou capaz e peço para o senhor me ajudar a fazer dela uma potência e que a síndrome de Down seja apenas um detalhe na vida dela”. E foi a partir daí que resolvi buscar informações sobre a síndrome de Down e criar o instagram @maedepoisde30 para ajudar outras mães que estavam passando pela mesma situação que a minha. Hoje temos mais de 100 mil pessoas inscritas que diariamente mandam mensagem agradecendo pelas informações sobre a síndrome e pela possibilidade de acompanhar o desenvolvimento diário da Bruninha.
Como você descreveria a personalidade da sua filha?
ANA-A Bruninha é uma criança alegre, feliz, carinhosa, inteligente e muito persistente. Ela quando tem um obstáculo não descansa até alcançá–ó . Ela me ensina todos os dias o verdadeiro significado da vida e a nunca desistir pois tudo é possível
Como é o dia a dia da família?
ANA-Nosso dia a dia é bastante corrido. Parei de trabalhar como jornalista quando estava grávida da Julia . Sou mãe em tempo integral, larguei a profissão para dar o meu melhor na maternidade. Hoje levo as meninas para a escola, inglês, natação, dança e terapias . A Bruna atualmente faz 2 vezes na semana de fonoterapia, 2 vezes psicomotricidade e 1 vez na semana psicopedagogia. É uma rotina bastante puxada, mas que fazemos com leveza e felicidade pois as vitórias estão chegando. Hoje a Bruna tem 8 anos de idade, já é alfabetizada e está cada dia mais esperta. Eu brinco que se eu soubesse que ela seria assim, não teria chorado tanto na maternidade. As lágrimas de tristeza pelo diagnóstico hoje são lágrimas de alegria pelas vitórias e conquistas
Quais foram os maiores desafios ao longo destes anos?
ANA-Cada idade tem seus desafios. Quando ela era pequena tinha medo de ela não andar, mas para a minha alegria e surpresa ela começou a andar sem apoio com 1 ano e 5 meses. Um sucesso de desenvolvimento na síndrome de Down. Depois veio a minha preocupação dela não falar, hoje fala muito tanto que foi convidada para fazer um filme. Também me preocupava com a alfabetização dela, mas graças a Deus está indo super bem. Ela está na segunda série e já sabe ler e escrever. Cada fase da maternidade vem com seus desafios, mas com muita leveza, persistência, amor e carinho vamos passando por todas elas e vencendo os limites que o diagnóstico nos dá. Não acredito em diagnóstico, acredito nas habilidades e potencialidades que podem ser adquiridas com persistência e dedicação .

Qual foi o momento mais marcante que você já vivenciou com a sua filha?
ANA-O momento mais marcante foi quando a Bruninha com 2 anos de idade falou “”mamãe”
Para qualquer mãe ser chamada de mamãe é algo sensacional, mas para uma mãe atípica é extraordinário. Pois é um trabalho que se inicia desde a descoberta do diagnóstico, são anos de terapia , de correria , de esforço para alcançar esse objetivo Eu como jornalista o que mais queria é que a minha filha falasse e ela, apesar de ter demorado um pouco comparado a uma criança típica, esse dia chegou e hoje ela fala de tudo, até tenho que pedir licença para falar kkkkkkk
Quando surgiu o convite para o filme?
ANA-O convite para o filme surgiu em meados de outubro e foi uma surpresa. A produtora artística Brunna Cris entrou em contato com a gente pois assistiu a Bruninha falando num vídeo do instagram e se apaixonou. Ficamos muito felizes pelo convite e principalmente pela oportunidade de representar a síndrome de Down num filme.
Você poderia falar um pouco sobre o filme (o que puder, rs!).
ANA-“Miss em Fuga” conta a história de Estrela(Ana Munhoz), cadeirante, enfrenta o drama do pai que saiu de casa por se sentir culpado pelo acidente. Estrela é inscrita num concurso de miss e acaba vencendo em primeiro lugar, apesar das trapaças da sua maior rival Larissa (Luiza Rabelo). Dentre as múltiplas histórias em paralelo a da Estrela, destaca-se por sua sensibilidade a das irmãs Marina (Clara Carvalho) e Luiza (Bruna Alge) que perdem a mãe num acidente repentino. Luiza tem síndrome de Down e é retirada do convívio com a irmã pela tia interesseira que alega a justiça que Marina ainda é menor de idade.
São sequencias de muitas emoções onde a pequena Bruna Alge se destaca pela entrega e crença nas circunstâncias propostas pelo roteiro. Foi um set leve, repleto de sorrisos e muito carinho envolvido, fomos surpreendidos pelo desempenho da atriz mirim que em nada ficou devendo em relação as suas companheiras de cena até mais experientes. A expectativa é que a atriz faça parte de muitos outros trabalhos e cresça contemplando sua audiência com seu talento, carisma e dedicação.
Experiências inesquecíveis sobretudo pelo fato de que em uma das diárias, uma cadeirante figurante determinada a andar, levantou e deu alguns passos pela primeira vez na vida, bem diante dos olhos da produção e elenco, emocionando a todos.
O roteiro e direção é de Robson Araújo. Texto baseado na premissa da produtora executiva Brunna Cris.
O resultado poderá ser conferido nas plataformas de streaming em breve.
Como foram as gravações do filme? A Bruna gostou de atuar?
ANA-As gravações foram feitas em dezembro em Curitiba e Campo Magro. A Bruninha decorou certinho suas falas e interagiu muito bem com as outras atrizes e atores. Foi uma experiência muito gratificante … Ela adorou atuar e me deixou muito orgulhosa
Quando o filme estreia?
ANA-O filme está sendo editado e deve ficar pronto daqui há 6 meses
Que mensagem você gostaria de passar para outras famílias?
ANA-Deus é perfeito! Quando algo na sua vida sair do controle e o medo aparecer, tente respirar e enxergar as possibilidades. Um diagnóstico não é destino. O destino cada pessoa faz o seu, e na síndrome de Down tudo é possível, basta estimular, dar muito amor e ter muita dedicação que as conquistas chegam. Acredite sempre no potencial do seu filho, pois ele é capaz de tudo!
Matéria extraída da Revista Crescer
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