top of page
  • Foto do escritorJornal do Juvevê

A importância do diagnóstico psicológico


O que é diagnóstico?


A palavra diagnóstico tem origem grega e etimologicamente “diagnōstikós” origina-se da junção de “dia” que significa por meio ou através de e “gignósko” cujo significado é conhecer.


Portanto, diagnosticar significa identificar, conhecer, trazer à superfície e mais do que isso proporcionar conhecimento e novas possibilidades a quem sofre prejuízos de ordem física ou psicológica.


O Psicólogo pode diagnosticar?


Existe a crença de que os Psicólogos podem apenas levantar hipóteses diagnósticas, sob o risco de adentrar em uma seara que não lhe pertence e que caberia exclusivamente a classe dos médicos ou dentistas.


A Lei 4.119/1962, regulamentou a profissão de psicólogo no Brasil e autoriza em seu artigo 13, §1º (em vigor até hoje):

“Constitui função privativa do Psicólogo e utilização de métodos e técnicas psicológicas com os seguintes objetivos: a) diagnóstico psicológico”


Sendo assim, os Psicólogos estão autorizados por Lei a realizar diagnósticos, inclusive utilizando como fundamento CID-10 ou DSM-5 TR.


O Conselho Federal de Psicologia (CFP) por meio da Resolução nº 06/2019, fornece as orientações necessárias à elaboração de documentos escritos produzidos por Psicólogos no exercício profissional.



Para que serve o diagnóstico psicológico?


A Psicologia é constituída por várias abordagens ou linhas teóricas que embasam o trabalho profissional, como por exemplo a Psicanálise, o Behaviorismo e a Terapia Cognitiva Comportamental.


Ressalto que não há uma melhor do que a outra, são apenas maneiras distintas de entender o ser humano e trabalhar as suas questões no ambiente terapêutico.

Há vertentes na Psicologia contrárias ao diagnóstico, entendendo que o mesmo serve para rotular e estigmatizar a pessoa e que optam por conduzir o acompanhamento psicoterápico de outras formas.


Por outro lado, há vertentes como a terapia cognitiva comportamental, por exemplo, que defendem a sua importância, com os argumentos de que o diagnóstico além de libertador, proporciona a possibilidade de receber o devido acompanhamento, o autoconhecimento frente a inúmeras situações enfrentadas ao longo da vida, a percepção dos gatilhos que ocasionam determinado comportamento, o atendimento por uma equipe multidisciplinar orientada para tratar especificamente a pessoa.


Na opinião da Neuropsicóloga Tainá Siqueira Thies inscrita sob o CRP 08/37375:


“Entendo que há muitas vertentes que questionam a importância de um diagnóstico psicológico, uma vez que a pessoa é muito mais que um sintoma ou um nome. Entretanto, nomear o conjunto de sintomas, na minha experiência, ajuda o paciente a dar significado para uma experiência muitas vezes abstrata, angustiante e excludente. Quando colocamos um nome para o conjunto de sintomas gerando uma identificação na sua história, o paciente tem um vislumbre de compreensão, acolhimento e ressignificação de algumas de suas crenças. Além disso, o diagnóstico serve, especialmente, a indicar os melhores caminhos para a intervenção a partir do perfil de cada um. Na Neuropsicologia, o diagnóstico é um resultado de um processo de conhecimento de forças e fraquezas para o entendimento de qual o perfil de cada um, possibilitando o entendimento do melhor encaminhamento para as dificuldades daquele paciente em específico, além de demonstrar caminhos de aprimoramento daquilo em que o paciente é muito bom. Por fim, no caso de crianças e adolescentes, entender o perfil neuropsicológico e o diagnóstico nos permite fazer a intervenção correta ampliando os horizontes de desenvolvimento.”


Daí a importância de um diagnóstico bem feito, realizado por profissional capacitado que preencha os requisitos necessários para a função, conhecendo não apenas a teoria e os testes cabíveis a cada situação, mas também procedendo com o necessário acolhimento para com a pessoa que o recebe, bem como com a sua família.


Recebendo um diagnóstico


Ao receber o diagnóstico a pessoa passa por um processo de luto, com as mais variadas fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.


A pessoa muitas vezes entende que deixa de ser quem era antes do diagnóstico e passa a lidar com uma situação completamente diferente e desconhecida, todavia recebe um nome para acomodar o que antes eram dúvidas diante dos comportamentos até então sem explicação.


Nesta semana nos deparamos com a revelação da cantora Sia de 47 anos em um podcast, sobre a descoberta do diagnóstico tardio do transtorno do espectro autista.


“Estou no espectro e estou em recuperação, e tal - há muitas coisas. Por 45 anos, eu pensei…tenho que colocar meu traje humano. E somente nos dois últimos anos eu me tornei totalmente, totalmente eu mesma.”


Em um desabafo emocionado sobre a mudança em sua vida após o diagnóstico, ela afirmou: "Ninguém jamais poderá conhecê-lo e amá-lo quando você estiver cheia de segredos e vivendo com vergonha. Quando finalmente nos sentamos em uma sala cheia de estranhos e contamos para eles nossos segredos mais profundos, e todo mundo junto ri junto com a gente, não nos sentimos como pedaços de lixo pela primeira vez em nossas vidas.”


Uma vez realizado um diagnóstico há uma direção e o consequente entendimento das razões pelas quais determinados comportamentos ocorreram durante a vida. Pode-se encarar como um passo rumo a aceitação e libertação, não apenas de quem foi diagnosticado, mas de uma família e até mesmo seus descendentes.


E quanto a você, qual a sua opinião a respeito do assunto? Você acredita na importância do diagnóstico psicológico?



Obrigada por acompanhar o Jornal do Juvevê e a coluna de Psicologia Vida Plena Psi, até a próxima.




Cláudia Ducci Hartmann

Psicóloga CRP 08/37672

duccihartmann@gmail.com

@psi.claudiaducci


Revisão Mauricio Ducci Hartmann


Referências


LEI N.º 4.119 - DE 27-08-1962 - CFP | CFP


Resolução-CFP-n-06-2019-comentada.pdf


Diagnóstico psicológico: o que é e porque é tão importante para o paciente - Psicologia Dockhorn


O diagnóstico psicológico na abordagem clínica (minutopsicologia.com.br)


Após polêmica, Sia revela estar dentro do espectro do autismo (uol.com.br)

116 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page